sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Clark, o Ladrão - A Praia dos Ossos (Parte III)


Meus amigos, já ouviram falar sobre a praia dos ossos? Exatamente na divisa entra a cidade da ilha de Ferro, o mar e a floresta da ilha, existe uma praia onde diversas batalhas já ocorreram. Tem esse nome pelos corpos abandonados na ilha e por seus ossos serem as lembranças deixadas a essas batalhas. Apesar de a ilha ser extremamente vigiada, essa parte dela não é a mais vigiada dela e graças a isso, diversas pessoas irregulares chegam a ilha por essa via. Tudo que separa essa praia da cidade são um conjunto de pedras, pontiagudas ou não, que se encontra em toda montanha que liga ao mar.
Por essas condições, meu alfa ordenou que eu e Luís fossemos até ela procurar algum rastro dos vampiros que estávamos procurando. Luís era um Ahron Cleath que estava na matilha a pouco tempo mais que eu. Apesar da sua pequena diferença com meu posto, ele me tratava como um igual. Fomos até a praia dos ossos ao anoitecer buscar alguma coisa pra tentar nos ordenar depois do sumiço do Dr.
Chegando a praia, tive meu primeiro encontro com a morte.  Ossos podiam ser vistos por todos os lados. Costelas quebradas, crânios largados perto de um coqueiro e uma pequena trilha feita por algumas colunas que se encontravam enfileiradas. Ao beira mar, um pequeno bote com remos ao qual cabiam cerca de quatro pessoas. Atracado não muito distante dali, um pequeno navio com aspecto antigo era visto através da leve névoa que se formava. Tínhamos certeza de que aquilo era no mínimo irregular. Pegamos o bote e remamos até o navio, que parecia muito maior quando chegamos perto. Havia uma escada já arriada nele, provavelmente pra que quem desceu do barco pudesse voltar com facilidade.
Subindo, vimos vários barris e caixotes cobertos, uma sala que aparentava ser do capitão e uma escada para a parte interna do navio. Olhamos primeiro a sala do capitão, mas ela não aparentava ter formas sutis de abrir por fora, então como estávamos tentando ser discretos, optamos por descer. Descendo, além de mais caixas aparentemente vazias, chegamos a uma sala com muito sangue e alguns barris e mais uma porta. Houve uma parte engraçada e uma parte surpreendente nessa situação. Achávamos que o sangue era de pessoas, mas ao sentir melhor seu cheiro e olhar dentro dos barris, vimos que era sangue de animal pelo chão. Essa foi a parte engraçada. A surpreendente é que os corpos estavam na sala seguinte. Vários deles pendurados como se fossem grandes pedaços de carne.
Eu não consegui me controlar quando vi algo brilhando em verde. Um anel no dedo de uma mulher que trajava roupas de nobre de cabeça pra baixo. Algo no meu interior dizia que aqueles corpos iriam reagir quando tentasse mexer neles. Talvez alguma experiência adquirida com o Dr. ou algo do gênero. Segurei o punho do corpo da mulher e tentei tirar o anel. Adivinha? Estava preso! Nada que um pouco de força não resolvesse, mas enquanto eu o tirava, a mulher abriu os olhos e eles estavam brancos. Tirei o anel de seus dedos e senti a morte colocando sua mão em meus ombros. Foi horripilante e ela estava sorrindo pra mim. Quando tirei o anel, Luís deu um grito e a mulher morta abriu os olhos e mexeu os braços freneticamente. Os corpos começaram a se mexer e tentavam nos agarrar. Luís se soltou do morto e corremos para a antessala. Lá, colocamos alguns barris na frente da porta. A morte continuava ao nosso lado, sorrindo.
Ao subirmos, tínhamos a intensão de voltar e reportar o que descobrimos. Afinal, corpos que deveriam estar mortos se mexendo era o algo que estávamos procurando. A lua estava a pino e iluminava bem duas figuras que se encontravam entre nós e a escada que dava para o bote. Um deles estava sobre mantos que não deixavam aparecer muitos detalhes sobre ele, mas não precisava de muito, afinal ele tinha quase 3 metros. O segundo tinha porte de um cavaleiro, uma armadura e uma espada de duas mãos e parecia ser vassalo do gigante.
Luís falou que ganharia tempo pra que eu pudesse fugir e deu um passo a frente junto ao cavaleiro e se transformou em sua forma Crinus. Eu não soube muito bem o que fazer, já que as coisas aconteceram muito rápido. Ele tentou atacar o cavaleiro com uma garrada, o qual esquivou com grande facilidade e cortou Luís duas vezes no peito. A morte abraçou meu amigo naquele momento. Eu tinha algumas opções, mas eu escolhi a que eu sou melhor. Eu roubei a morte e bem na frente dela!
Atirei-me sobre o Luís, o fazendo rolar pra longe do cavaleiro, saltei no mar o erguendo com toda força que eu tinha e o forcei a voltar pra sua forma humana antes que chegássemos no mar. O forcei pra dentro do bote e remei sem pensar no que poderia ter acontecido, sem pensar que eu poderia ter morrido também. No convés do barco, pude ver os dois vampiros e a morte olhando pro bote se afastando rapidamente do navio.
Apesar de muito trabalhoso para leva-lo até algum lugar que pudessem cuidar dele, consegui salvar o Ahron da minha matilha. Avisei meu alfa sobre tudo da forma mais sucinta possível. Mais coisa aconteceu em sequência, mas deixarei para outra história. Nesse dia eu criei minha rixa com a morte que se prolonga por muito tempo. Nessa noite, eu venci.