Um dia me vi em meio aos que eu apenas observava a
distância. Vi-me como os monstros! Não tão maus como contam as histórias, mas ainda
éramos monstros. Graças a isso eu ganhei a única coisa que não se pode roubar,
uma família. Irmãos com quem eu podia contar pra me proteger e ensinar.
Irmãos que eu podia proteger e ajudar assim como faziam por mim. É realmente
bom o sentimento de estar próximo a alguém como eu era dos meus avós.
Nós vivíamos na Cidade Baixa da Ilha de Ferro, comandados
por Maria. Nosso maior objetivo era ter nossa família, os Guerreiros
Amaldiçoados, incluída na seita da cidade. Fazíamos trabalhos pequenos que nos
eram pedidos, torcendo para sermos vistos. Até que uma missão realmente
importante foi nos dada. Pierre, nosso irmão mais velho e experiente, trouxe a
notícia que deveríamos procurar por "sanguessugas". Pelo que se dizia, eles
haviam rastejado como larvas até a cidade e se instalado como minhocas a terra
no meio de tantas casas. Era uma missão quase que impossível para ao menos
encontrar algum rastro, mas nada é realmente impossível se você quiser,
certo? Bom, pra mim é certo.
Com alguns dias de pouco sono e muita investigação, palavras
trocadas com diversas pessoas das ruas, chegamos a um ponto realmente suspeito.
Era daquelas típicas casas que parecem mau assombradas e que se você tem o
mínimo de juízo, se manteria longe e parecia cumprir sua função bem. Além
de nós, não havia nenhuma alma viva nos arredores dela. Por um consenso eu
seria o mais capacitado a entrar lá sem criar grandes problemas. Com as artes
de uma verdadeira sombra, eu ultrapassei as fechaduras que levavam para o andar
superior da casa sem grandes dificuldades.
O local em que eu acabara de entrar estava realmente escuro,
mas isso não era um real problema pra mim desde que eu pudesse estar com os
olhos abertos. Lá haviam diversos papéis, livros e uma estante com diversos
potes de vários tamanhos. Dentro de cada um deles, se somasse tudo, talvez
desse um homem. Era um tanto quanto bizarro e grotesco! E apesar de já ter
participado de lutas e afins, nunca tinha visto coisas como um olho fora do
rosto ou um pulmão flutuando em um líquido de cor estranha. Eu não resisti! Peguei um olho cor de mel e coloquei em um dos meus muitos bolsos.
Segui pela casa fazendo menos som que a noite faz ao tomar o
dia. Cheguei ao corredor e além de diversas portas havia uma escada bem próxima
do quarto que estava. Sendo sincero, tudo lá estava escuro mas eu conseguia
enxergar, menos uma parte específica ao fim do corredor. Acho que aquela foi a
primeira vez que eu realmente tinha sentido medo. Eu ouvia a morte me chamando
pra fazer companhia a ela. Eu via sombras como garras se estendendo cada vez
mais pra fora do corredor tentando pegar qualquer coisa que fosse para trazer
pra junto de si e nunca mais soltar. Eu poderia me arriscar e ir até lá, mas
como meu avô sempre disse: “Você entra e sai pelos caminhos que conhece e nunca
terá problemas no percurso.”. E o que meu avô dizia era mais importante que
qualquer outro ensinamento, e assim o fiz...
Continua na minha próxima postagem na semana que vem!
Continua na minha próxima postagem na semana que vem!
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