segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Clark, o Ladrão - parte I

     
Em meio a tantos monstros, guerreiros e gênios eu sempre sonhei em ser um humano. Não um humano qualquer, mas como A-Sombra-da-Noite. Assim como ele, tudo que eu queria, era poder roubar o que os despreparados tinham para nutrir minha ganância, e o que os preparados tinham para nutrir meu ego e meu espírito. Eu só queria poder roubar...
        Um dia me vi em meio aos que eu apenas observava a distância. Vi-me como os monstros! Não tão maus como contam as histórias, mas ainda éramos monstros. Graças a isso eu ganhei a única coisa que não se pode roubar, uma família. Irmãos com quem eu podia contar pra me proteger e ensinar. Irmãos que eu podia proteger e ajudar assim como faziam por mim. É realmente bom o sentimento de estar próximo a alguém como eu era dos meus avós.
        Nós vivíamos na Cidade Baixa da Ilha de Ferro, comandados por Maria. Nosso maior objetivo era ter nossa família, os Guerreiros Amaldiçoados, incluída na seita da cidade. Fazíamos trabalhos pequenos que nos eram pedidos, torcendo para sermos vistos. Até que uma missão realmente importante foi nos dada. Pierre, nosso irmão mais velho e experiente, trouxe a notícia que deveríamos procurar por "sanguessugas". Pelo que se dizia, eles haviam rastejado como larvas até a cidade e se instalado como minhocas a terra no meio de tantas casas. Era uma missão quase que impossível para ao menos encontrar algum rastro, mas nada é realmente impossível se você quiser, certo? Bom, pra mim é certo.
        Com alguns dias de pouco sono e muita investigação, palavras trocadas com diversas pessoas das ruas, chegamos a um ponto realmente suspeito. Era daquelas típicas casas que parecem mau assombradas e que se você tem o mínimo de juízo, se manteria longe e parecia cumprir sua função bem. Além de nós, não havia nenhuma alma viva nos arredores dela. Por um consenso eu seria o mais capacitado a entrar lá sem criar grandes problemas. Com as artes de uma verdadeira sombra, eu ultrapassei as fechaduras que levavam para o andar superior da casa sem grandes dificuldades.
        O local em que eu acabara de entrar estava realmente escuro, mas isso não era um real problema pra mim desde que eu pudesse estar com os olhos abertos. Lá haviam diversos papéis, livros e uma estante com diversos potes de vários tamanhos. Dentro de cada um deles, se somasse tudo, talvez desse um homem. Era um tanto quanto bizarro e grotesco! E apesar de já ter participado de lutas e afins, nunca tinha visto coisas como um olho fora do rosto ou um pulmão flutuando em um líquido de cor estranha. Eu não resisti! Peguei um olho cor de mel e coloquei em um dos meus muitos bolsos.

        Segui pela casa fazendo menos som que a noite faz ao tomar o dia. Cheguei ao corredor e além de diversas portas havia uma escada bem próxima do quarto que estava. Sendo sincero, tudo lá estava escuro mas eu conseguia enxergar, menos uma parte específica ao fim do corredor. Acho que aquela foi a primeira vez que eu realmente tinha sentido medo. Eu ouvia a morte me chamando pra fazer companhia a ela. Eu via sombras como garras se estendendo cada vez mais pra fora do corredor tentando pegar qualquer coisa que fosse para trazer pra junto de si e nunca mais soltar. Eu poderia me arriscar e ir até lá, mas como meu avô sempre disse: “Você entra e sai pelos caminhos que conhece e nunca terá problemas no percurso.”. E o que meu avô dizia era mais importante que qualquer outro ensinamento, e assim o fiz...

Continua na minha próxima postagem na semana que vem! 

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