segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Clark, o Ladrão - parte II


     
 Caminhei suavemente até as escadas. Ela levava a uma sala no andar de baixo onde havia uma mesa com diversos equipamentos cortantes, muito sangue, uma lareira, alguns sofás espalhados e a porta da entrada principal. Além disso havia mais um cômodo que parecia se encontrar abaixo da sala, no subsolo. Entretanto algo que eu não acreditava aconteceu. Parecia que eu tinha sido visto. Ouvi alguém atrás de mim falando comigo, interagindo comigo e pior de tudo, ele sabia meu nome! Eu fiquei um pouco atordoado com a quantidade de informações com que eu fui golpeado. Ao me virar, pude ver o homem que falava. Um homem pálido com vestes de médico e muito sangue em suas luvas e jaleco. Logo ele pareceu dar um tipo de ordem e corpos começaram a sair de todo canto possível e se movendo de formas bizarras. Alguns pegavam objetos cortantes e outros vinham apenas com toda a sua fome de matar em minha direção. Em pouco tempo, eu me via cercado  e com poucas opções do que poderia fazer pra escapar. Minhas opções eram: “Tentar lutar contra todos, mas isso era inviável. Tentar abrir caminho até a janela lá em cima e tentar sair pelo mesmo lugar de antes mas pra isso eu teria que passar pelo doutor. Por ultimo, e a decisão tomada, eu poderia correr até a porta principal passando por alguns dos mortos-vivos e tentar quebra-la".
        Eu fitei rapidamente o doutor com um certo receio de o deixar pra trás naquele momento, sendo que eu poderia tentar acabar com ele de uma vez. Mas eu precisava me reunir com meus irmãos pra isso não ser burrice. Virei-me em direção a porta de entrada e vi oito mortos-vivo no caminho, além dos demais que se aproximavam por outras direções. Parti em direção a eles esquivando dos dois primeiros sem grande dificuldade e me movendo com astúcia. Pêlos começaram a crescer em mim e meus movimentos não sessavam. Desviei de mais três em sequência e um deles parecia ter me golpeado nas costas, mas eu já não estava mais tão preocupado com isso. Eu havia crescido bastante, ganhado muitos músculos, garras e presas, tudo que um monstro guerreiro realmente precisa  Os últimos três estavam no caminho e parecia que apenas não queriam me deixar passar. Eu corri em direção a eles e a porta, ao me aproximar o suficiente eu joguei meu corpo com todo meu peso. Senti a porta cedendo a minha força e comecei a voltar a ser humano.
        Caí de frente para meus quatro irmãos que me olharam estranhos. Ao olhar pra trás não havia absolutamente nada além da casa como era antes da aparição do doutor. Mesmo que estranho, eu contei o que eu havia passado e todos aceitaram ser verdade. Até hoje eu não sei se o que eu passei naquela casa foi real ou apenas um golpe de alguém a minha psiquê. Mas o que importa é que o doutor é alguém real e ele continuaria vivo por mais algum tempo se não fizéssemos nada...

        Essas são apenas lembranças de uma noite sem lua da época em que eu era apenas um filhote no meio de tantos querendo que meu nome pudesse ser lembrado. Me chamo Clark e torço pra que os quatro cantos escutem meus devaneios do passado real.
 
Clark, o Ladrão - parte I

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