O silêncio incomodava Absur. Tendo em vista a escuridão que lhe
aguardava, improvisou uma tocha com o fogo vivo que queimava nas escadas. Sua caminhada é angustiante. Seus pés parecem
tocar uma camada fina de água e através das chamas ele percebe que o chão é liso
e frio. Então ele se vê caminhando abaixo dos próprios pés, como uma sombra pálida
acinzentada.
O mero
vislumbre de sua forma o carrega por entre as trilhas mais distantes do umbral e
Amon se vê em meio a um vale cheio de pessoas enforcadas ainda se debatendo,
penduradas em grandes árvores mortas e retorcidas. A chama em sua tocha se extinguiu, o ar é
frio. O garou percebe que seus pelos ganham fios embranquecidos e que em meio a
agonia dos que estão condenados a danação, ele caminha livre.
- Onde
estou? Como fui parar tão longe, quase não sinto o mundo... Será que...
A suspeita de
onde possa estar trás uma grande preocupação ao garou, que caminha com
dificuldade devido ao ferimento em sua perna.
Ele vagueia pelo local e descobre estar em uma pequena ilha e que nela
apenas os condenados vivem. Contudo, em uma das pontas ele acha um barco velho,
não muito confiável, mas é a única coisa que ele pode usar para sair dali.
A pergunta
que rodeia sua mente é pra onde ir. Mas ele logo percebe que não muito distante
esta um grande porto, o Porto da cidade de Nova Tronner.
- Maldição,
essa não é a umbra rasa e nem tão pouco a umbra profunda. Que Anpw me proteja e
Sebek me dê forças.
O peregrino
sobe no barco, começa a puxar os remos e logo fica evidente que há fissuras
nele. A água começa a entrar e o garou não pode ir mais rápido se não corre o
risco dos remos não aguentarem. E de
repente, BUUUMMM. Algo toca no barco pela sua esquerda. BUUUMMM, pela sua
direita e o som da morte começa a ecoar. Centenas de mortos estão tentando
virar a embarcação. O garou sente um
frio na espinha, mas logo acerta um com um dos remos que afunda, enquanto o
outro e puxado de suas mãos caindo na água negra.
Aqueles
braços brancos e sem vida, se decompondo para fora da água como algas marinhas
feitas de mortos. Nadar não é uma opção e o tempo começa a correr contra o
peregrino.
Tomado pelo
pavor, o ragabash tem que pensar rápido se quiser sobreviver a isso! Então ele
puxa uma pena de coruja presa em seu cordão (o mesmo que carregava as pedras). E diz o mais rápido que pode quase como uma
oração.
- Minha
amiga, sei que a muito não lhe trago alegria ou mesmo comida. Mas eu preciso
muito de você agora! Lembre daquela ninhada que salvei há dois anos, tu me disse
que quando eu precisasse poderia lhe chamar... Eu preciso agora, por favor, POR
FAVOR!
Um dos mortos
consegue subir. Seu corpo putrefato caminha em direção ao garou que se prepara
para cair, quando uma coruja grande e marrom passa por sua cabeça. Então asas
aparecem no peregrino que pode voar dali até o cais em segurança.
Ao chegar
entre os barcos ele conversa com a grande coruja marrom. Ela tem penas escuras
e olhos esverdeados cintilante.
- A onde eu estou? Amon pergunta.
-Você caminhou para o mundo
inferior, a terra das sombras lar dos mortos. Precisa voltar para casa.
- Não
posso ainda, estou onde devia estar, apesar de não poder dizer que isso é algo
bom, estou perto de completar minha busca.
- O que busca apenas lhe trará dor
e sofrimento.
- Eu
estou disposto a pagar o preço. Mas, se puder pedir apenas mais uma coisa a
você ficaria grato e lhe devendo um grande favor.
- O que quer garou?
- Me permita voar para fora
daqui quando eu completar minha missão.
A coruja
torce seu pescoço e arranca uma pena de seu corpo, entregando ao peregrino
dizendo: - Quando estiver pronto, solte
essa pena no ar e lhe darei asas mais uma vez, contudo só voltarei a você
quando cumprir com suas obrigações para comigo.
Amon assentiu
com a cabeça e agradeceu. A coruja logo alçou vôo e sumiu em meio à escuridão.
O peregrino começa a caminha na terra dos mortos, um lugar escuro e sombrio. Uma
visão do que será o fim do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário