- Acho que é
como dizem. Mesmo na nossa espécie, quando estamos à beira da morte pensamos no
começo de tudo.
Eu nasci em
1823 em uma aldeia chamada Ipet-Sut que significa O Melhor de Todos os Lugares.
Ficava localizada próximo ao templo de Amon, também conhecido como O Oculto.
Ele é o deus dos ventos. Infelizmente
meu nascimento não trouxe alegria para minha mãe, pois meu pai falecia neste
mesmo ano em um desmoronamento, enquanto desenterrava uma estátua da cabeça de
Amon.
Ele foi um
engenheiro e explorador e durante um tempo uma figura reconhecida. Mas então,
vieram tempos difíceis e assim ele apostou tudo na descoberta dos segredos
antigos. E isso o levou de nós.
Nossa vida desde
que eu me lembro foi dura. Vivíamos com quase nada. Eu cresci trabalhando desde
cedo nos campos de trigo, depois nas construções, até que um homem apareceu e
ofereceu muito dinheiro para minha mãe... Bem, ela nunca me amou... Logo fui
vendido ao estranho de pele morena que me colocou em um camelo e me levou da
cidade. Eu nunca mais retornei ao meu lar.
O homem se
chamava Radamés, O Escriba de Hélios.
Em nossa viajem pelo deserto de Kaspar, ele me contou inúmeras histórias de
tempos antigos e grandes heróis. Eu seguia a vida agora fazendo coisas para
ele.
Uma noite ele
me contou a história do povo lobo e eu fiquei fascinado! Em meus sonhos vivi
cada palavra contada por ele, até que um rosnado me acordou no meio de uma
noite. Fomos surpreendidos por uma tempestade. Nossa barraca já havia voado,
então eu o procurei, mas não o encontrei. Ao invés dele, um lobo magro e de
olhos brilhantes me encarava, ele rosnava para mim. Meu coração disparou
enquanto o vento aumentava e pouco a pouco fomos sendo engolidos.
Meu corpo foi
arremessado pelos ares. A areia e o vento me cortavam em pedaços, até que algo
dentro de mim despertou! Uma vontade de viver que ia além dos limites que meu
corpo aguentaria. Senti meus ossos quebrando, minha pele se rasgando e depois
tudo ficou escuro...
Acordei com o
lobo me desenterrando. Eu estava confuso e apavorado. Logo o lobo falava comigo
e eu o entendia. Eu devia ter feito a travessia, estava no Duat... Então ele me
falou.
- Assim como eu caminho em
quatro patas, tu também caminharás. Eu sou o Escriba e você filhote, aprenderá
a história de sua vida!
Anos se
passaram desde aqueles dias. Eu me tornei um Peregrino, um mensageiro do mau
agouro. Mas foi quando estive na presença de outros da minha tribo que me dei
conta de nosso papel. Eu participei da tomada de Al-Kharijah, um Oasis que
estava sobre a influência das serpentes de Set. Conquistei meu posto de Fostern
ao derrotar A Sombra de Farafra em um extraordinário duelo mental e jogos de adivinhas que levaram
doze horas. E tudo isso me levou muito mais além.
Aprendi a
curar o couro e desenvolvi o gosto do meu pai por ser explorador. Vivi um tempo
no Oásis de Baharya, me casei, tive uma filha e lhe dei o nome de Kéfera. Mas
uma vida normal não é algo para um Peregrino. E quando comecei a ter pesadelos
tive que ir até meu mentor. Contei a ele sobre as sombras que me chamavam,
sobre um pássaro flamejante que tudo cobria e que sobre uma de suas asas as
cidades eram purificadas e na outra Anpw pesava os corações dos homens
permitindo ou não que fossem para o Duat.
Meu mentor
disse que havia uma grandeza me esperando, mas que em minha jornada minha alma
seria testada, que meu coração seria pesado e só então meu destino me
encontraria. Disse-me que deveria partir em busca de esclarecimento e assim eu
o fiz, deixando tudo para trás.
Atravessei
cidades em busca de respostas, encontrei matilhas que me acolheram no caminho. Mas
nunca fiquei mais que poucas semanas em um mesmo lugar, até chegar à Nova
Tronner e começar a escutar o chamado de uma forma que nunca havia escutado
antes.
Agora eu
estou aqui cercado pela morte. Será esse o destino que meu mentor me falara ou
esta é a provação de minha alma? Se for assim eu espero que Anpw não demore
muito para pesar meu coração, pois nesse momento ele está pesado e tomado pela
minha fúria ROOOOAAARRRRHHH!
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