sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A CANÇÃO DA DOR


               Quando Presa-Vingativa finalmente voltou a si se deu conta do local terrível em que estava, o ar fedia a excrementos, seus pés afundados em uma lama cinza e lodosa e centenas de crânios e sua volta.  A Ahroun se mantinha firme, mesmo tendo seu corpo rodeado por arame farpado que lhe feriam profundamente enquanto tentava se soltar.  A adrem tentava se lembra os caminhos que a levaram para aquela situação infeliz e aos poucos ela lembrou.
                Ela caçava um maldito na umbra com sua matilha e quando seu theurge foi ferido ela foi possuída por uma ira primordial que arrastou para longe de seus irmãos e irmãs. Aquilo, aquilo foi uma armadilha e agora ela sabe, Presa-Vingativa se sente estúpida por ter se colocado em tal situação. Mas onde ela está?
                Ao fundo de sua visão encoberta pela fumaça ela vê colinas feitas de carne, pilhas de estrume, onde pequenos seres parecem se banquetear.
               
- Você acordou criatura? – A voz era baixa e abafada. Ela vinha de uma figura estranha e alta. Sua pele era pálida e prateada e suas mãos tinham longos e finos dedos como garras.

                -Me liberte espírito ou eu a partirei em duas! – Urrou a garou.

-Me poupe de suas ameaças lobisomem, está presa na Muralha de Arame. E irá funcionar como um lembrete vivo de dor e sofrimento.  

- Ficará aqui assistindo a dor, vivendo da dor, mas se quiser voltar para casa eu posso permitir. Basta tomar o lugar de uma dessas almas que estão sendo torturadas?

                A garou olhou assustada para o espírito, mas viu ali uma chance de se soltar e atacá-lo então respondeu: “Eu aceito, me tire daqui!”.
                O espírito a retirou dos arames apenas com um gesto de mãos. A garou então pensou que poderia se mover, mas suas patas estavam presas no lodo. Seu coração entoou em uma crescente de pavor quando outro espírito se aproximou. Ele era gordo, cheio de pus saindo de seus olhos, sua boca cheia de presas e em suas mãos uma faca. O instrumento que foi usado para remover toda a pele da Ahroun, pedaço por pedaço.
                Quando finalmente ela estava sem pele, apenas com seus músculos expostos é que o espírito abriu seu crânio para se alimentar de seu cérebro. Assim Presas-Vingativas morreu no reino das atrocidades.
                Quando acordou a adrem estava junto com sua matilha, viva, mas não conseguia mais dormir direito e a dor era algo presente em sua vida. A ahroun vive no limite de sua fúria se tornando impossível ter uma vida junto aos humanos, isso lhe foi roubado pelos espíritos do reino das atrocidades.  Assim Presas-Vingativas começou a estudar passando seus dias dentro da seita e aprendendo cosmologia, sobre a umbra e sobre os reinos a fim de um dia destruir os espíritos que fizeram isso com ela.
                Dessa forma ela acredita que poderá retornar ao seu estado de sanidade e paz. Ao menos o suficiente para ter uma boa noite de sono novamente.  Andarilho-das-Nuvens-de Trovão um  senhor das sombras theurge adren da matilha de Presas fala:

- No fim o mundo espiritual e um intrincado de passagens que nos levam a lutar por nossas almas. Isso foi o que Joanna Ermit Krauser aprendeu em sua jornada. Agora como matilha, vamos ajudá-la a superar seu infortúnio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário