Antes de mim havia um uktena que mantinha tudo em harmonia, eu
como seu jovem e curioso aprendiz me esforçava a cada novo dia para pisar em
suas pegadas e seguir a sua sombra. E por isso estou vivo e hoje liderando a
seita. Os olhos de Estrela de Ferro se
perdiam no crepitar da fogueira enquanto o vento ululava entre as matas
exibindo uma platéia de seres noturnos e curiosos a fim de se aquecer do frio
que vinha chegando.
Era inverno
de 37 quando ele acordou e chamou a todos para o centro do caern, “mas quem era
ele você pergunta, é verdade seu nome esta na minha cabeça e não na minha língua
– Ele se chamava Nove-Machados-Voadores-do-Rio –dos – Mortos, Ahroum e nosso
Ancião”. Seus cabelos já prateados e as
marcas em seu rosto mostravam todas as suas lutas. Usava apenas uma calça e um
lenço dado por sua esposa Lirio-Brilho- de Luna uma parente da tribo a qual ele
desposou como sua (um direito adquirido ao ancião da seita). Mas ela já havia
partido há muito tempo.
Bem ele nos
chamou e lá estávamos ele contou que aquele seria seu último inverno entre nós
e que a noite partiria para sua última batalha contra o Avô Serpente. Ficamos
confusos e com muitas perguntas, mas ele com sua sabedoria nos disse “vocês
encontraram o caminho” e assim ele partiu rumo a sua última marcha.
Lembro de
assumir meu lobo e o seguir por todo o território como se ele não soubesse que
estava ali, acho que ele sabia e queria que eu visse o que ia acontecer...
Quando chegamos a margem do rio eu pude avistar o bando de homens em cavalos, próximo
a entrada de uma das trilhas para tribo.
O velho Ancião se mostrou em glabro! Deixando o branco da neve abaixo dos
seus pés, logo os cavalos se assustaram e eu vi os olhos dos homens se
acendendo como o fogo do Avô Serpente.
Eles fizeram
chover balas, mas o ancião sabia como dançar com a tempestade e trazer para
eles a sombra mais densa que a noite e o primeiro dos sete homens caiu com o
primeiro machado cravado na testa. O ancião começou a correr os afastando da
entrada e eu o segui com meu peito explodindo para entrar no conflito.
Lembro da
risada de um deles e da voz dizendo “velho você irá pagar por isso!” Mas o
ancião sorriu e lhe apontou um osso e em seguida o partiu assim como o pescoço
da criatura, do sanguessuga. Os outros
cinco saltaram dos cavalos e continuaram atirando e mesmo o ancião sendo veloz ele não podia se
livrar de todas elas e logo seu sangue manchou a pureza da neve sob seus pés.
Então ele
mergulhou em seu lobo interior e deixou vir a tona seu guerreiro mais furioso.
Um dos homens temeu e tentou fugir, mas o segundo machado que vou cortou sua
perna e o terceiro o fincou no chão. E novamente as sombras dançaram enquanto
os outros mostravam suas garras e presas e partiam para cima do corpo do garou.
Gritos
abafados na noite foram cada vez mais sumindo e por fim apenas o lide deles um
sanguessuga de pelos prateados e longos na face se mantinha em pé segurando seu
sabre e o ancião com o corpo vermelho e dois machados ainda firmes olhava para
ele.
Eu estava
contemplando o que um uktena pode fazer em meio às sombras quando sua vontade
de vencer se torna o que lhe sustenta em pé.
Contudo, não foi algo bom de ver, pois o vampiro era habilidoso e fez ir
ao chão o braço com o machado, um corte em seus tendões e ele estava arqueado
no chão eu fui para hispo e por um segundo percebi que chamei a atenção da
criatura, mas o urro de reprovação veio junto e o ancião se lançou em direção
ao sabre e aproveitou para retalhar a carne do inimigo e lhe tirar a cabeça.
Eu estava com
ele nos últimos minutos e ele sorriu deixando comigo seu último machado, eu
enterrei um ancião, um amigo, meu pai naquele dia de inverno. E foi assim que
entendi que devemos fazer de tudo para defender nossa família, mesmo que isso
seja se sacrificar. Então jovem irmão esse é o motivo dos meus olhos distantes
quando olho para fogueira.
👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirLindo.......
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